quarta-feira, 6 de abril de 2016

Broadchurch - Crítica

Uma série britânica policial pode ser boa? Pode, e muito. Broadchurch é exemplo disso. Um remake de uma série dinamarquesa, Broadchurch conta na primeira temporada com um elenco de peso, Olivia Colman faz Ellie Miller, uma policial/detetive da pacata cidade de Broadchurch, no interior da Inglaterra cuja economia gira em torno do turismo com sua bela praia com rochedos. Realmente a vista é muito bonita e a fotografia faz questão de nos lembrar isso sempre que pode.
David Bradley interpreta um velho que é dono de uma loja de conveniência e também líder de uma tropa de jovens que é uma espécie de escoteiros do mar. Já que não tem florestas, aproveita o mar mesmo dali. E é claro, o protagonista, o detetive Alec Hardy, interpretado por David Tennant, é enviado para trabalhar em Broadchurch e vai precisar se acostumar com as pessoas do interior, mais alegres, sociáveis e menos sérias.
Ah, e tem também Arthur Darvill, o Rory de Doctor Who e também o Jacob Anderson, que faz o Verme Cinzento em Game of Thrones.
Nisso parece um pouco com Doc Martin, mas enquanto o médico Martin não se dá bem por ser rabugento (o que o faz ganhar a antipatia das pessoas), Alec é melancólico e não é grosso, é bem educado até, o que faz as pessoas hesitarem um pouco quanto a ele, mas o respeitarem ao mesmo tempo. Algumas mais e outras menos. David Tennant ganhou fama mundial por Doctor Who, e na minha opinião foi um dos doutores mais depressivos que eu já vi e parece que ele pegou tudo isso de tristeza e colocou no detetive Hardy.


Bem, a história é a seguinte: é mais um dia normal na cidade, quando é encontrado  o corpo de um garoto na praia. Danny Latimer. Todos ficam assustados, a cidade nunca teve crimes mais graves do que atos de vandalismo e, como são uma cidade pequena, quase todo mundo conhecia o garoto ou a família dele. E em meio a cidadãos que não sabem bem como reagir a tamanha tragédia, vai caber a Hardy e a policial local Ellie Miller solucionarem o caso.
Eu tinha medo de ser só mais uma série policial britânica. Essas séries normalmente, com exceção de Sherlock, focam menos na investigação e no caso, e mais nos problemas psicológicos das personagens, no drama do detetive e é uma fórmula que eu já vi muito e me cansei. Nem quis ver Happy Valley por isso e Luther eu só acompanhava porque Idris Elba arrebentava como ator. E literalmente também, eta cara fortão.
Bem, mas essa foi diferente. O drama é priorizado, a investigação ocorre em todos os episódios, mas é quase como um pano de fundo ou só uma escada para o drama e desenvolvimento das outras personagens e isso que é legal. David Tennant é o grande destaque, não só por ter o papel principal como também por sua atuação impecável que mesmo em toda essa melancolia ainda tem um pouco de humor e vemos uma parte de nós nele, causando uma identificação, assim como aconteceu em muita gente com House MD.
Mas as outras personagens também possuem histórias muito atrativas e isso nos faz querer acompanhar a série até o fim, às vezes nos esquecemos da pergunta "quem matou Danny Latimer?" porque está se desenrolando um mistério muito bom na nossa frente naquele momento.
Isso porque quanto mais eles investigam, mais podres e histórias esquecidas a dupla de investigadores vai encontrando, eles revelam a luz mais e mais segredos, que chegam até a confundir na investigação.

Bem, a primeira temporada foi ótima. E então veio a segunda temporada, por causa da enorme audiência que teve. Eu estava preocupada. O original não tinha segunda temporada. Era um passo enorme que esse remake estava dando. E que passo bem dado que foi.
Eu achei a segunda temporada pior, embora tenha muita gente que prefira mais ainda essa. Eu achei algumas partes da drama um tanto forçadas para se encaixar, mas nada muito absurdo. Só que faltou a sutileza e delicadeza da primeira temporada.
Temos a adição de novas personagens interpretadas pelas atrizes Charlotte Rampling e Marianne Jean-Baptiste. Além de Eve Myles de Torchwood (como dito em outro site, a Inglaterra tem mesmo poucos atores) e James D' Arcy. Novamente atores muito bons.
É um novo mistério, mas ao mesmo tempo não é, pois é um caso que o detetive Hardy não conseguiu solucionar e que agora vai tentar resolvê-lo enquanto ocorre outro arco ao mesmo tempo que não vou explicar qual é, senão será spoiler.

E teremos uma terceira temporada. O que podemos esperar? Não sei, porque enquanto a primeira temporada tinha pontas soltas, a segunda amarrou todas elas. Veremos se o estúdio faz um bom trabalho como fez com essas duas temporadas. Ficamos no aguardo. Só espero que seja melhor que o remake americano, Gracepoint. Que é a mesma história. Só que nos Estados Unidos.
E com o David Tennant.
Também.
Foi um fracasso, terminou na primeira temporada mesmo.
E David Tennant ganhou um People's Choice Awards pelo papel mesmo assim.
Que coisa.
Bem, pelo menos depois ele arrebentou em Jessica Jones.
Oh yeah.

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