
Guardiões da Galáxia foi uma tremenda de uma aposta, pois era a história de uma equipe que até entre alguns fãs da Marvel eram desconhecidos. Mas apostou mais na comédia e humor, o que rendeu um ótimo filme (mas não muito em Vingadores 2, que por ter a Feiticeira Escarlate e o Ultron pedia um pouco mais de seriedade e tom sombrio como o do trailer).
Homem Formiga também foi uma baita aposta, só pelo nome do protagonista já se entende porque há risco, mesmo que a marca dos filmes já esteja consolidada (corria o risco de apenas não sair no prejuízo, mas por sua qualidade e estilo também diferenciado ganhou mais que isso).
A série do Demolidor na Netflix também foi uma grande aposta. O Demolidor foi arruinado no cinema, mas continuou firme e forte nos quadrinhos (e caberá a ele ajudar Justiceiro e Elektra a superarem suas respectivas películas). A série bombou, também por muitos recursos utilizados nos filmes e que também vemos em Jessica Jones.
Chega de enrolar e vamos ao que interessa:
Atores
O elenco está de parabéns. Krysten Ritter (de Apartment 23 e Breaking Bad, ela pegou algumas características daí para Jessica) faz uma Jessica Jones perfeita, atormentada pelo seu passado, durona, com um humor bem forte e irônico, ela que protagoniza algumas das cenas que são verdadeiras montanhas russas de emoções que vão do tenso, para o riso, e então para a tristeza. Alexandra Daddario foi cotada para o papel e apesar de ser fã e achar ela mais parecida com a personagem, Krysten é uma atriz melhor e mais capacitada. David Tennant interpreta o vilão Homem Púrpura, ou Kilgrave. Muitos reclamam que a Marvel não sabe fazer bons vilões, pois nem mesmo Loki é capaz de nos meter medo de verdade. O antigo Doutor mostra que a Marvel tem vilões de meter respeito e medo, pois do 11º doutor, só nos lembramos do passado conturbado, esquece-se do bom alienígena de gravata e chave de fenda sônica.

Mike Colter já mostrou o que podemos esperar de Luke Cage. Pelo visto, uma série bem legal.
Roteiro
Como muitos já disseram, parece um filme de 13 horas. A história é completamente linear, se pular um episódio, vai perder muita coisa da história. A construção de cada personagem foi muito bem pensada, isso se vê logo de cara com as relações entre todos eles. O modo como personagens secundárias ganham importância não incomoda, aliás, na minha opinião, é um ponto forte e mais um atrativo da série.

A estrutura também se diferencia de Demolidor. Jessica Jones é até difícil de enquadrar apenas como super-herói, pois não é apenas isso. Ela não tem uma identidade secreta nem fica vigiando as ruas combatendo o crime (como fez antes), é bem mais um drama, ainda mais com o noir. E com a introdução de Luke Cage. A química entre os atores rende ótimas cenas entre as personagens.
Uma das coisas que eu não gostei em Demolidor era que o enredo era muito parecido com o que eu já vi em Arrow. Cara decide fazer justiça com as próprias mãos, vira inimigo da polícia, teve um mestre tempos atrás, tem um amigo que descobre seu segredo perto do final, reflexão se deve ou não matar seus inimigos, etc. Jessica Jones se diferencia até do estilo Marvel.
Personagens

E eu já comentei sobre as personagens secundárias e destaco esses dois porque a série toda consegue de um modo não cansativo ser uma disputa de xadrez entre eles.
Atmosfera
A atmosfera é diferente das outras séries de super-heróis. Talvez a que mais se aproxime seja com o Demolidor, mas mesmo assim não é idêntica. É diferente e num bom sentido. É algo meio que noir mesmo, como eu já disse.
Considerações Finais
A série tem defeitos e eu acho que o principal são os efeitos especiais e certas cenas de ação. Uma luta ou outra é meio confusa, mas todas as outras são bem executadas. Demolidor não exigiu efeitos especiais, porque é um cara cego batendo em um monte de pessoas. Jessica Jones tem poderes, o de força até é bem feito (nada complicado hoje em dia), mas o da hora em que ela "voa" foi ridículo, porque cortou por Will Simpson lá, parado, olhando para a Jéssica, e então olhando para o lado e para cima com expressão de "nossa, ela voou". Ainda bem que os momentos que pedem algo do tipo são uma cena em um milhão.
A abertura é bem legal, a arte que usaram ficou muito bacana.
Há referências aos filmes como na conversa "existe o gradão" - falando do Hulk para quem não entendeu. E poucas, no tanto certo. Como em Demolidor, mas eu acho que poderia ter tido mais referências ao Demolidor, afinal, o cara esteve nos noticiários e garantiu a prisão do Rei do Crime.
Agent Carter foi bem legal, e mostrou que a audiência pode receber séries estreladas por super-heroínas. São adolescentes e adultos que vão assistir, não um bando de pirralho que pensa que se a principal é mulher então é pra meninas. É para todos. Quer dizer, não para menores muito pequenos, já que tem cena de sexo, alcoolismo e sangue.

Super Girl é uma das séries da DC Comics que tenta recuperar o terreno conseguido com Smalville e Arrow e The Flash e que foi perdendo para as séries da Marvel. A série é voltada para o público adolescente, ou seja, abrange menos pessoas, e pareceu muito com a esquete feita pelo Saturday Night Live quando a Scarlett Johanson foi no programa e fizeram um filme da Viúva Negra que não passou de uma comédia romântica. Não crítico pela ideia ou o roteiro em si, mas por fazer algo que não foge tanto do que já era esperado.
Bem, por tudo isso, acho que já consegui mostrar porque gostei e recomendo Jessica Jones (Já acabou Jessica? - não, ainda vai vir a série dos Defensores).