Eu era uma pessoa muito dedicada aos gibis quando mais nova e nunca pensava muito em livros. Livros não tem ilustração, é muito texto, demora demais para ler, esses eram os meus argumentos. Só abri exceção para Deltora Quest de Emily Rodda por causa dos comerciais que a editora Fundamento enchia todo dia nos canais infantis. Apesar de eu gostar muito e ainda lembrar com carinho do cinturão, da flauta de Pirre, dos dragões e claro dos heóris Lief, Barda e Jasmine, não me encorajaram a continuar nisso.
A minha escola dava uma lista de opções de livros. Nessas eu li O Melhor Time do Mundo de Jorge Viveiros de Castro, Irmãos Preto de H. Binder e L. Tetzner, Stravaganza de Mary Hoffman, A Fantástica Fabrica de Chocolate, mas mesmo gostando das histórias e tal, nada que me levasse a querer ler livros.
Foi então que uma das opções foi Percy Jackson e o Ladrão de Raios. Eu tinha entre 12/13 anos na época, e como Percy tinha 12 no livro, rolou uma identificação. Um garoto que é semi-deus. Filho de Poseidon. Acampamento Meio-Sangue. Muito massa. Fora que a leitura descritiva e ao mesmo tempo dinâmica (e em muitos momentos engraçadas de Rick Riordan) faziam eu devorar páginas e mais páginas sem perceber o tempo passar, só torcendo para Percy, Annabeth e Grover salvarem o dia, os deuses serem compreensíveis e de quebra mandar a Clarisse se danar.
Percy Jackson também foi minha escolha não só por causa da divulgação do filme na época (que foi uma das piores adaptações já feitas. O filme também não foi legal para não-leitores), mas por causa dos meus amigos que ficavam lendo Percy Jackson. Peria, TC, Vicente, Jonas, Giulia, o Juan carregava o dele numa pochete.
Não demorei muito, em poucos meses terminei O Ladrão de Raios (maldito Luke, Hermes é um cara gente boa) e O Mar de Monstros (maldito Luke duplo e um vsf Clarisse). Aliás, eu estava fazendo para escola uma apresentação de Ulisses/Odisseu e O Mar de Monstros é baseada na Ilíada, então foi um grande reforço. Meu amigo Vicente fez o Ulisses na apresentação, amarrei-o com durex num cabo de vassoura para representar a parte em que passam pelas harpias. Então foi uma das histórias mais marcantes.
A Maldição do Titã foi dose para mim. Eu não esperava que Percy e Thalia fossem brigar (eu era burro de não pensar que o filho de Poseidon não ia ter algum conflito com a filha de Zeus) e fiquei arrasado com a morte de Bianca. Em Deltora Quest ninguém legal morria. E fiquei também bastante triste pelo Nico. Nossa cara.
Terminei A Batalha do Labirinto e O Último Olimpiano bem mais rápido em relação aos outros livros. Eu fiquei muito feliz com o desfecho, com Rachel virando o oráculo, Grover sendo o Grover, Thalia com as caçadoras, Percy e Annabeth finalmente se beijando, Sr. D não sendo canalha, Quíron sendo o cara legal de sempre, Luke e outros morrendo, porém fazendo o certo no fim, os deuses triunfando, mais chalés e reconhecimento para os menores e Cronos destruído para nunca mais voltar. Ah e a mãe do Percy finalmente encontrando um cara decente.
Foi aí que minha mente se abriu para outros livros por escolha minha como Ranger's Ordem dos Arqueiros, Harry Potter, O Vendedor de Sonhos e encarei os da escola com muito mais facilidade, tipo Tom Sawyer, Os Meninos da Rua Paulo, Não Peça Sardinha Fora de Temporada, etc.
Um dia na livraria (por causa de Percy Jackson sempre que vou ao shopping quero ir na livraria) pedi para minha irmã Elaine procurar junto comigo um livro interessante. Descrevi um como Percy Jackson. E ela achou para mim O Herói Perdido, o início da série Heróis do Olimpo. Eu já tinha 13/14 anos e Percy Jackson para mim estava muito recente. Gostei muito, senti falta do Percy e de mais presença dos antigos personagens como Rachel, Grover, Annabeth, Thalia, Clarisse (até dela mano), mas gostei muito do trio Jason, Piper e Leo. Os três, eu achei o máximo. Também gostei do Dragão lá.
O Filho de Poseidon não teve o mesmo mistério de O Herói Perdido, já que eu já sabia porque Percy perdeu a memória e tal, mas gostei muito do Acampamento Romano que está mais para uma cidade. E de fato dividir o pessoal dos chalés só pelo deus que te concebeu é muito cruel se você for filho único do cara. Bem, eu vi a volta de Nico (muito mais sinistro) de Reyna (bem legal) e introduziu Octavian (fdp), Frank e Hazel. Apesar de simpatizar, não curti muito os novos personagens, achei meio sem sal, mas adorei a volta do cabeça de alga.
2013 finalmente chega no Brasil a Marca de Atena. Quando terminei, eu pensei comigo, eu esperei tanto para isso? Achei a história sem graça. Tipo, gostei que focou mais na Annabeth, mas não gostei muito que Jason e Percy, os mais poderosos ficaram tão pano de fundo. O triangulo amoroso Hazel, Frank e Leo para mim foi cansativo. Eu estava com 16 anos na época (idade que os personagens também estão no livro) e me perguntei então... Estou velho demais para essas histórias? Achei meio ruim porque já passei disso? Foi aí que questionei o fato de eu ter continuado Deltora Quest por tanto tempo, de comprar Ranger's e The 39 Clues e o fato de eu gostar tanto de ir na parte que ficava ao lado da área infantil.
No mesmo ano chegou no Brasil A Casa de Hades. Refleti comigo sobre esse negócio de idade. Se eu devia continuar as minhas leituras mais sérias como os livros do Myron Bolitar. O Acerto Final, Labirinto, Mortal Engines, Coleção Negra, quando eu decidi que tudo bem se eu continuasse as séries que comecei com a faixa etária recomendada só para ver como termina (isso inclui The 39 Clues e outros).
Assim eu encarei A Casa de Hades sem entusiasmo como eu encarei a trilogia dos Irmãos Kane (eu também só continuei para ver como terminava e com a expectativa baixa a experiência para mim foi melhor do que quando fui com alta) e me surpreendi o quanto eu gostei. Bem mais do que A Sombra da Serpente. Que livro, evolução do Nico e Piper, importância do Jason, Leo, Hazel e Frank fundamentais e também amadurecimento, a jornada do Percy e da Annabeth pelo Tártaro, eu voltei a sorrir.
Finalmente, 2014, eu com 17 anos e O Sangue do Olimpo. Para mim foi uma maravilha saber que era o último volume com Percy Jackson e que não teria que ler nunca mais um livro com seu nome escrito. Gostei muito de como Riordan dividiu a participação e importância para a trama entre Percy, Jason, Hazel, Piper, Annabeth, Leo, Frank, Nico, Reyna (esses 2 últimos se tornaram meus favoritos até), senti falta de Rachel, Grover e queria mais participação de Thalia e Tyson de novo, mas para mim o final foi excelente. E quando virei a última página, com uma sensação de paz que todos os heróis compartilhavam, eu pensei comigo "quero mais".
Rick Riordan, obrigado por criar Percy Jackson. E obrigado a todos os meus amigos (especialmente Vicente) por terem me influenciado a quero lê-lo. Se não fosse por isso tudo, eu nunca teria lido tanta coisa nessa vida e nunca teria escrito livro nenhum.
Se um dia virar um grande escritor, vou dizer: Percy Jackson foi quem me colocou no caminho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário